quarta-feira, 23 de junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ao som do vento

Parece que as bombas dos árabes param de te atingir, mesmo que venham com pregos em um restaurante de luxo de Jerusalém.
Você esquece de ter medo do mendigo mal cheiroso que lhe pára na sinaleira pra pedir uma esmola ou pra lhe tornar mais uma vítima das estatísticas.
O relógio largo ao seu pulso passa a servir apenas pra cobrir uma faixa sua alva pele. Seu cronômetro nem recebe start.
Parece que o tempo pára. Que as pessoas se tornam estáticas. Que você ouve apenas o vento mover a areia. E o mar fazer ondas.
Seu olho para de diferir as banhas que sobram do maiô da velha gorda que caminha a lentos passos a beira da praia e da garota que desfila seu fio dental do ano ao desprezável surfistinha da Ilha.
A zueira causada pelas crianças torna-se apenas um colorido de baldes de água e areia que você vê ao longe.
A areia transpassa você, assim como o vento gelado que bate em seu rosto. Ao longe o azul infinito, com alguns barcos brancos absorvem seu olhar parado.
Olhar infinito, num horizonte sem fim. Não se enxerga o que há lá do outro lado das dunas.
Você se dá conta da sua fragilidade. Vê que sua importância do tamanho de um grão de areia pro todo do universo.
O vento gelado bate em seu rosto chocando-se com o quente de sua pele. Parece que é alguém te cutucando e dizendo que a vida está aí, não apenas no lado de fora.